quarta-feira, 25 de abril de 2012

História Chassídica - Os Rabinos Cowboys

Os Rabinos Cowboys
Por :Yaacov Weiss

Neste verão, Yossef e eu passamos três semanas no estado de Wyoming. Estivemos em "Merkot Shlicht", um programa de verão estabelecido pelo Lubavitcher Rebe, para visitar locais e oferecer apoio onde há pouca infra-estrutura judaica. 

Em algumas cidades, ficamos em hotéis, e em outras dormimos em casas de família. Certa noite, na verdade dormimos em uma tenda indígena.

Nosso objetivo: deixar claro aos judeus do Wyoming que existe alguém preocupado com eles. Fomos lá para encorajá-los a intensificar o cumprimento de mitsvot . Testemunhamos a ação da Divina Providência praticamente todos os dias. Durante as três semanas de nossa estadia, tivemos contato com cerca de cem judeus. Vendemos um par de tefilin, instalamos algumas mezuzot, criamos um "Clube de Tefilin" todos os domingos em Cheyenne e uma classe de Torá em Laramie e em Cheyenne uma vez ao mês, com um rabino de Denver.
Colocamos tefilin em mais de trinta homens, muitos dos quais pela primeira vez. A maioria dos homens tomou a decisão de colocar tefilin todos os domingos, e número ainda maior de mulheres decidiu acender velas de Shabat às sextas-feiras.

Você provavelmente está se perguntando como encontramos judeus. Nas cidades grandes, já tínhamos listas de judeus elaboradas pelos alunos anteriores. Mesmo assim, encontramos muitos outros. Ao chegar em uma cidade, nosso procedimento era ir até uma loja e perguntar: "Sabe se há algum judeu nesta cidade?" 

As pessoas foram muito simpáticas e prestativas. Caso conhecessem algum judeu, faziam de tudo para nos ajudar. Por exemplo, certo dia chegamos a uma cidadezinha chamada Riverton, com 5.000 habitantes. Fomos de loja em loja, mas ninguém sabia se existiam judeus na localidade. 
Estávamos a ponto de desistir, mas decidimos pesquisar em mais uma loja. Perguntamos às duas senhoras que ali trabalhavam se conheciam algum judeu. Elas não conheciam, mas disseram que talvez o padre soubesse. Telefonaram ao padre da cidade e após explicar nosso pedido, ele disse que estava a caminho. Foi muito gentil e nos deu os nomes de algumas famílias judias, a quem fomos visitar e com quem colocamos tefilin. Tudo por causa de um padre católico.

Certa sexta-feira, eu tinha uma rota planejada para visitar uma cidade chamada Rock Springs, que ficava no caminho para Salt Lake City – nosso destino para o Shabat. Peguei a estrada errada e acabamos chegando a uma cidadezinha de 2.000 habitantes, Pinedale. Pensei comigo mesmo: "Certamente foi a Divina Providência que nos enviou aqui". 

Alguém informou que havia uma chef judia que possuía um restaurante. Fui até lá e perguntei pelo Chef Wendy. Disseram-me que ela estava fazendo um discurso na frente do museu. Decidimos ouvir o discurso como "penetras". Ao sair do carro, avistamos uma mulher usando uniforme de chefe de cozinha. Perguntamos se era Wendy. Ela ficou tão chocada ao nos ver. Dois rabinos em Pinedale! Conversamos um pouco sobre ser judeu no Wyoming. Ela tem muito orgulho de ser judia. Informou que havia mais três judeus em Pinedale. Apenas uma estava lá, e a visitamos em seguida.

Em Cheyenne, visitamos um senhor num lar para idosos. Colocamos tefilin e conversamos algum tempo. Ele ficou muito emocionado. Disse-nos que nós éramos a resposta a uma prece. Ele pedira a D’us que o ajudasse a aproximar-se do Judaísmo. Ele queria até ir a uma yeshivá!
Uma das histórias mais interessantes ocorreu em Tisha B'Av, dia de luto e jejum pela destruição dos dois Templos Sagrados. Depois de termos nos encontrado com judeus em Buffalo e Sheridan, paramos em uma cidadezinha com 650 habitantes, chamada Story. Existe apenas um estabelecimento comercial em toda a cidade, obviamente um bar. (No Wyoming, se não há bar não é uma cidade). Perguntei à garçonete se conhecia algum judeu em Story. Ela disse que não, mas que tentaria se informar. Enquanto esperávamos que voltasse, um cliente entabolou uma conversa. Ele estava bebendo whisky e reclamando sobre seu dia difícil. Perguntou-nos o que fazíamos ali. Explicamos que éramos rabinos e estávamos procurando judeus. Ele disse: "Ei, eu sou judeu." E assim sentamos e tivemos uma longa conversa. Foi assim que passamos nosso Tisha B'Av.

Foi muito interessante ver que o antigo estilo de vida "western" está vivo. Acho que é por isso que o chamam de "O Estado Cowboy". Na verdade, não chamamos muito a atenção. Com os chapéus, muitos nos confundiram com cowboys! Eu dizia a todos que éramos "Rabinos de Rodeio, rabinos Cowboys".

Encontramos um homem que tem o mesmo sobrenome que eu. Ele realmente gostou de nós. Prometeu que faria o possível para comparecer ao meu casamento, fosse onde fosse. Um outro homem fez uma música sobre a gente e cantou-a ao violão. A mulher que nos hospedou pela maior parte do tempo em que lá estivemos chorou quando partimos. Recebi muitos e-mails; alguns com perguntas e outros só para dizer "alô". Um homem escreveu dizendo que está se mexendo para transformar sua casa casher. 

Agradecemos muito a D’us por nos dar a oportunidade de ver os frutos de nosso trabalho. Provavelmente a parte mais inspiradora de nossa visita foi que todos que conhecemos estão muito orgulhosos por ser judeus. Especialmente as crianças. Isso prova como é poderosa a alma judaica.

É minha esperança que, juntamente com os judeus de Wyoming, todos nós aventureiros, shluchim ou cowboys, aceleremos o processo de aproximar cada vez mais judeus afastados e nos unirmos todos como uma só família, um só coração. Então mereceremos nos rever em Yerushalayim, com a chegada de Mashiach, que esperamos que galope a toda velocidade, e que chegue já, em nossos dias.



Fonte: Chabad.Org.Com.Br