terça-feira, 15 de maio de 2012

Parashah HaShavua: Bahar/Bechukotai - Baseada nos Ensinos de Rabeinu Nachman

Parashah HaShavua: Bahar / Bechukotai 
(Levítico 25:1-26:2; Levítico 26:3-27:34)  

Nachal Novea; Mekor Chochmá: 
Um rio que flui, a fonte da Sabedoria (Provérbios 18:4) 

Pesquisa, tradução e adaptação: 
Breslev Brasil - RJ


"Também Eu andarei contra eles (os judeus) com teimosia e os trarei à terra de seus inimigos; talvez, se humilharão seus corações entupidos e, então, expiarão as suas iniquidades" (Levítico 26:41) 


Esse versículo nos diz que os judeus seriam enviados para o exílio se abandonassem a Torá e as Mitsvot de Hashem. Isso levanta uma pergunta: Se os judeus violam a Torá enquanto estão na sua própria terra, um ambiente mais propício para o serviço a Hashem, como eles poderiam chegar à pureza espiritual em uma terra com uma cultura totalmente estranha? Nos parágrafos seguintes, com base nos ensinamentos do Rebe Nachman e seu aluno, Rab Natan, vamos tentar entender como o repercussão aparentemente estranha do exílio pode remediar os pecados dos judeus.


A POLUIÇÃO ESPIRITUAL DO PECADO DE ADÃO E A LIMPEZA ATRAVÉS DA MORTE


O pecado de Adão poluiu espiritualmente todo o universo, o mal se misturou com todo o bem da Criação. Esta poluição espiritual se manifesta no plano físico pelo grande esforço e preparativos necessários para se beneficiar de qualquer coisa física. Um exemplo é o longo e árduo processo de arar e plantar uma lavoura, para fazer pão. Produzir qualquer coisa neste mundo envolve o ato da peneiração ou remoção dos maus elementos. Uma vez que cada objeto físico tem uma essência espiritual, aperfeiçoando-o fisicamente aperfeiçoa-o também espiritualmente. Quando todos os elementos negativos são removidos tanto a nível físico e espiritual, esse segmento do mundo é desprovido da poluição espiritual provocada pelo pecado de Adão.


Os animais só podem ser despojados de sua poluição espiritual através da morte. Portanto, é estritamente proibido comer o membro de qualquer animal quando ele se encontra vivo. Esta lei se aplica até mesmo aos gentios. Quando algo morre ou decai, ele retorna para a Terra. A Terra contém as energias espirituais da verdade, como o versículo diz: "A verdade brotará da terra." (Salmos 85:12) Assim, a morte e a decadência conectam a fisicalidade  às energias da verdade de Hashem, a Fonte de toda Verdade. Isto significa que a morte e a decadência purificam o mundo físico da poluição espiritual provocada pelo pecado de Adão. É por isso que é necessário a morte.


LEITE E MEL


A comida que comemos tem uma forte influência sobre nossa mente que é a faculdade principal através do qual podemos perceber e chegar perto de Hashem. Portanto, para evitar a confusão que poderia nos levar a desviar dos caminhos que levam a Hashem, é de extrema importância que o nosso alimento seja purificado das toxinas espirituais o quanto possível. A morte dos animais expurga as toxinas perigosas espirituais da falsidade e do mal que estão fortemente incorporados dentro deles, e é por isso que a Torá proibiu o consumo de qualquer ser vivo e seus derivados, a não ser que tenha sido abatido ritualmente. Rabi Natan aponta que o leite e o mel são as duas únicas exceções a essa regra. Ele diz que isso indica que o leite e o mel são automaticamente limpos de suas toxinas espirituais através do processo natural envolvido na sua produção. A produção de leite acompanha o nascimento de todos os mamíferos e é o último passo nos processos longos e complexos para trazer à luz, filhos, tanto no homem quanto nos animais.


Estes processos filtram adequadamente todas as impurezas espirituais contidas no leite, eliminando a necessidade de abate do animal antes de beber seu leite. O mesmo é verdadeiro para o mel, e por isso não há necessidade de matar as abelhas antes de ingeri-lo.


A HUMANIDADE E HASHEM SÃO PARCEIROS NO APERFEIÇOAMENTO DO MUNDO


Rabi Natan diz que pelo fato da lei nos permitir o consumo de leite e mel sem ter que matar as criaturas que os produzem, nos ensina uma lição valiosa sobre a livre escolha. Ele explica que uma das razões por que é necessário estudar a Torá e praticar os mandamentos é que as energias espirituais que são emitidas por essas ações ajudam a reduzir a mancha do pecado de Adão, o que leva o mundo para mais perto da perfeição. O estudo da Torá e a observância dos mandamentos eleva cada item físico e o conecta à sua fonte espiritual nos mundos superiores. Nossos Sábios nos dizem que o próprio Criador executa todos os mandamentos, por assim dizer, em seu nível exaltado. Por exemplo, o Talmud diz que Hashem ata os Tefilin (Talmud: Berachot 6) e cumpre o mandamento de visitar os enfermos (Talmud: Sota 14). Como, explicado acima, o cumprimento dos mandamentos leva o mundo para mais perto da perfeição. Rabi Natan diz que desde que ambos, Hashem e o homem, são obrigados a cumprirem os mandamentos é evidente que os dois são responsáveis por trabalharem para aperfeiçoarem o universo. Isto também significa que existem certas tarefas que são deixadas para o homem realizar e outras tarefas que só Hashem é capaz de fazer. O abate ritual que em particular eleva espiritualmente um animal é um caso em que o esforço humano é necessário, porém a purificação do leite e do mel é realizada somente por Hashem.


O PARADOXO INSOLÚVEL DO MESMO ANIMAL


Rabi Natan usa a proibição de misturar carne com leite para destacar esta questão não resolvida. Carne e leite estão juntos no próprio animal. No entanto, a carne deve implicar esforço humano - o abate ritual -, enquanto Hashem fornece leite de forma unilateral. Além disso, a carne e leite são permitidos para consumo separadamente, mas proibido quando misturado em conjunto. Novamente, esse paradoxo não pode ser entendido neste mundo, por isso devemos ter fé simples e fazer o que Hashem nos ordenou. Devido às limitações da inteligência humana, não podemos compreender essas contradições aparentes. No entanto, aqueles que zombam desta lei ficarão a perder no futuro. Rabi Natan diz que devemos ser muito cuidadosos ao sondar os mistérios da Torá. Devemos questionar assuntos que estejam dentro do alcance da inteligência humana, tanto quanto possível. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer as limitações do intelecto humano e perceber que existem assuntos que estão além do nosso alcance. Nesses casos, quando o nosso questionamento persistente leva a nenhuma resposta ou aparentes incongruências, não importa quão duro buscamos, temos então que contar com a fé simples.


O LEITE EM SHAVUOT CONFIRMA A NOSSA FÉ


Rabi Natan explica que no feriado de Shavuot, que comemora a entrega da Torá no Monte Sinai, o costume é que se coma primeiro laticínios antes de comer carne. Este costume ilustra que, embora Hashem controle tudo e na verdade não precisa de nossos esforços, como por exemplo, a produção de leite - ainda temos que fazer o nosso melhor e agir como se tudo dependesse de nós – devemos nos esforçar para cumpri Sua vontade até mesmo no ato de comer carne após os derivados de leite.


O costume de comer laticínios antes da carne também demonstra nossa fé em D'us e Seus mandamentos, sobre a qual toda a Torá é dependente. Além disso, a nossa lógica nos diz que a carne e o leite são derivados do mesmo animal e deveria ser permitido consumi-los em conjunto, mas ao comê-los separadamente em Shavuot, o dia da entrega da Torá, claramente proclama a nossa fé em D'us e Sua Torá. Este costume confirma que a observância e o cumprimento da Torá são baseados e dependentes da fé.


FARAÓ E SANSÃO: MEL KOSHER DE UMA FONTE NÃO-KOSHER


Rabi Natan diz que a permissão para comer mel, que é derivado das excreções da abelha que é um animal que não pode ser comido, é ainda menos compreensível do que a proibição da mistura de leite e carne. Como pode ser o mel kosher quando ele é derivado de uma fonte não-kosher? Novamente, essa contradição não pode ser resolvida até a vinda do Mashiach. Esta lei está associada a outro paradoxo. Há muitos casos em que uma pessoa vem a violar as leis da Torá e os desejos do S-nhor, mas espantosamente, a ação negativa é precisamente o que Hashem deseja. Por exemplo, o Faraó escravizou os judeus e ignorou o comando de D'us (entregue através de Seu profeta Moshe) para libertá-los. Hashem realmente queria que os judeus fossem escravizados e oprimidos no Egito. A dureza da servidão egípcia reforçou os judeus tanto espiritualmente quanto fisicamente e fez com que o Nome de D'us fosse glorificado e magnificado pelos muitos milagres que Ele realizou no Mitsraym. Incrivelmente, o Faraó ajudou a realizar o desejo de D'us, e, no entanto, ele foi punido por sua maldade por escravizar os judeus.


Rabi Natan ensina que, em uma veia similar este é o lugar onde Shimshon HaGibor (Sansão) caiu no erro. Quando Shimshon, justo e santo viu que os judeus estavam sendo severamente oprimidos pelos filisteus, ele sabia que a salvação só poderia vir através de conexão espiritual com Hashem. Para conseguir isso, o bem inerente que estava adormecido dentro deles teve de ser ativado e trazido para a superfície. No entanto, as energias espirituais do mal que os filisteus tinham usado para dominar e oprimir os judeus eram tão poderosas que Shimshon percebeu que sob tais circunstâncias, seria quase impossível ativar esse bem para trazer a salvação. Em outras palavras, as forças do mal tinham engolido todas as energias de bondade do povo judeu, ao ponto de não ser possível liberá-las através de meios normais. A fim de libertar as energias da bondade mantidas em cativeiro nas profundezas do mal, Shimshon acreditava que ele não tinha escolha senão utilizar o mecanismo espiritual de nascimento que tem a capacidade de liberar as energias de bondade aprisionadas dentro das profundezas da impureza. Apenas com um nascimento físico e a chegada de um recém-nascido, tal êxito seria alcançado. Utilizando esse mecanismo incomum que Shimshon cometeu um pecado muito grave, um dos pecados mais graves e mais espiritualmente poluentes possíveis - casou-se com um gentia, uma mulher do povo dos filisteus. 


O MECANISMO DO NASCIMENTO ESPIRITUAL PARA A PURIFICAÇÃO


Rabi Natan parafraseia um ensinamento do Rebe Nachman que explica como o mecanismo do nascimento funciona: “Há momentos em que as forças do mal veem que as energias da bondade estão sendo magnetizadas para retornarem para o lado da santidade. Em tal caso, as forças do mal tentam superar o bem a qualquer custo, prendendo o bem nas profundezas do mal, ou seja, nos recessos do pensamento do mal (o pensamento ruim está localizado nas profundezas da impureza). O Zohar ensina que a semente se origina na mente e, em seguida, desce para os órgãos reprodutivos. (Chodash15a Zohar) Então, pelo fato da bondade estar escondida dentro dos recessos interiores dos pensamentos das forças do mal, de onde é gerada a prole, ela surge na semente que produz as forças do mal. O mal é então incapaz de dominar as energias da bondade que habitam dentro dele. Essa bondade, em seguida, influencia a prole das forças do mal para passar para o lado da santidade. Assim a bondade presa nas profundezas da impureza pode retornar para a santidade. Este conceito explica porque certas nações são motivadas a se converterem ao judaísmo e outras não são e como as pessoas às vezes perversas produzem descendentes justos.” (Likutey Moharan I 17:7) Rabi Natan usa esse ensinamento para explicar os motivos para as ações de Shimshon.


Como mencionado acima, Shimshon percebeu que a bondade dos judeus foi presa nas profundezas da impureza. Ele pensou que não havia nenhuma maneira de extraí-las de tal prisão, exceto, através do mecanismo do nascimento. Assim, decidiu casar com uma mulher filisteia, a fim de produzir descendentes que iriam libertar a bondade dos judeus aprisionada nas profundezas da impureza. No entanto, Shimshon cometeu um erro grave. Ele não percebeu que a proibição estrita da Torá para essas relações indica que qualquer pessoa que transgride tal proibição irá causar um enorme dano espiritual para os mundos superiores e à sua própria alma. Este tipo de relação nem sequer garante os resultados desejados, de extrair o bem preso nas profundezas do mal. Embora o conceito exista, não é para um ser humano tomar em suas próprias mãos. Shimshon deveria ter deixado o trabalho de libertar as energias da bondade das forças do mal para Hashem, assim como Hashem tira o mel que é kosher da abelha que não é kosher.


Ao todo, Shimshon teve relações com três mulheres filisteias. Das três, só a primeira união foi sancionada por Hashem, as duas últimas não foram, como o verso diz: "Porém, seu pai e sua mãe não sabiam que isso era um plano de Hashem, pois D-us buscava ocasião contra os filisteus que dominavam o povo de Israel.” (Juízes 14:4) Shimshon foi informado através da inspiração Divina para converter e casar com esta mulher em particular, pois ela era uma mulher justa. Logo, Shimshon procurou um pretexto para lutar com os filisteus. Hashem sabia que dessa forma Shimshon seria capaz de lutar contra os filisteus, sem colocar o resto de Israel em perigo. Todo ato de destruição que ele iria infligir sobre os filisteus seria percebido como um ato de vingança pessoal, não como um ato de rebelião do povo judeu como um todo. Portanto, os judeus não seriam culpados pelas ações de Shimshon, e ele poderia lutar contra os filisteus sem pôr em perigo os judeus. Desde que Shimshon havia sido ordenado por D'us para converter e casar com a primeira mulher filisteia, ele concluiu erradamente que era parte de sua missão ordenada por D-us continuar lutando contra os filisteus dessa forma, usando o pretexto da vingança pessoal para causar caos contra eles e, portanto, que posteriormente o fez se envolver em outros dois relacionamentos. No entanto, Shimshon não percebeu que os dois últimos relacionamentos foram motivados pelo desejo pessoal por essas duas mulheres, e não dos motivos puros de Inspiração Divina. Além disso, através dos atos de vingança contra os filisteus pelo assassinato de sua primeira esposa, Shimon já havia conseguido o objetivo de aterrorizar e se vingar dos filisteus. Nenhuma outra ação de sua parte era necessária.


Como mencionado acima, existem formas más que foram entregues ao homem para ele as eliminar e há outras que só Hashem pode fazer tal eliminação. O último caso é o de Shimshon. Assim, quando Shimshon estava em seu caminho para se casar com uma mulher filisteia, ele encontrou um leão morto com mel exalando de sua boca. Isto foi orquestrado por D'us para mostrar a Shimshon que a ação que ele estava prestes a realizar, tirar o puro do impuro, estava errada e que ele deveria deixar esta atividade de libertar as energias da bondade presas nas forças do mal para Hashem, assim como Hashem por Si só é capaz de purificar o mel que vem da abelha que é um animal impuro, como o versículo diz: "Quem pode trazer uma coisa pura de uma coisa imunda? Ninguém, mas somente Hashem.” (Jó 14:4) Por mais que a ação de Shimshon fosse tomada com a melhor das intenções, ela estava em desordem com a Torá, ele foi severamente punido quando os filisteus o capturaram e arrancaram seus olhos. [Nota: O santo Ari disse que, além disso, Shimshon ficou cego em todas as suas quatro encarnações subsequentes para expiar seu pecado.]


MEL EM ROSH HASHANÁ: A DOCURA DA TRANSFORMAÇÃO


Rabi Natan disse que a base para o costume de comer mel em Rosh Hashaná é consistente com nosso ensino. Rosh Hashaná é o primeiro dos dez dias de arrependimento que culminam com Yom Kipur, o Dia da Expiação, quando o arrependimento completo deve ser alcançado. Por meio do arrependimento sincero, todos os pecados de uma pessoa podem ser transformados em méritos e o pecador pode ser transformado em um justo. Portanto, o arrependimento transforma a impureza em pureza, assim como o mel puro de abelhas vem do impuro. Em Rosh Hashaná, o Shofar (chifre de carneiro) é soprado para nos ajudar a humilhar nossos corações, facilitando o processo de arrependimento. O Shofar em si simboliza o arrependimento. Compreender que o Shofar é vital para o processo de arrependimento em Rosh Hashaná, é derivado de um ensino que diz que o pecador que caiu sobre o comportamento animalesco, pode atingir a pureza através do arrependimento. Uma vez que o Shofar é uma forte parte do processo de transformação, o que é semelhante ao mel. Então, nós comemos mel em Rosh Hashaná como um reconhecimento das propriedades transformadoras desse dia que visam a santificação do indivíduo através da extração da pureza dos locais impuros onde ela pode cair através do pecado.


Quanto à Redenção final, o versículo diz: "E virá naquele dia (da vinda do Mashiach), que um grande Shofar soará e os perdidos (os judeus), na terra da Assíria e aqueles que foram exilados na terra do Egito virão, e prostrar-se-ão diante do S-nhor no monte santo em Jerusalém." (Isaías 27:13) A Assíria foi o primeiro local no qual os judeus foram exilados de suas terras e as dez tribos foram perdidas desde então. Eles nem mesmo retornaram durante o período do Segundo Templo como fizeram muitos de seus irmãos das tribos de Yehudá e Binyamin. O versículo nos diz que as dez tribos perdidas não voltarão para a terra de Israel até a Redenção final, no momento em que toda a poluição espiritual causada pelo pecado de Adão terá sido transformado em pureza. Como mencionado acima, o Shofar está associado com os conceitos do mel. Portanto, o Shofar mencionado neste versículo refere-se à época da vinda do Mashiach quando toda a impureza de todo o universo terá sido transformada, eliminando assim todo o mal, como o versículo diz: "E acontecerá Naquele dia (da vinda do Messias), diz Hashem: Eu farei com que o espírito de impureza seja lançado para fora da terra." (Zacarias 13:2) Este e o verso citado anteriormente sugerem que a Torá associa o mel com a redenção final, quando toda a impureza será convertida em pureza.


LEITE E RESGATE PARCIAL


O leite é também um alimento kosher derivado de uma fonte não-kosher. O leite é derivado do sangue e representa o Êxodo do Egito. Assim como a redenção do Egito não foi a Redenção completa e final, pois os judeus acabaram sendo enviados de volta para o exílio por seus pecados, o que indica que ainda há um espírito de impureza no mundo; o leite carece de uma purificação total e completa de sua impureza espiritual, evidenciada pela proibição de misturá-lo com carne. Como explicado acima, o mel representa a Redenção final, onde todas as impurezas do mundo serão eliminadas e o leite representa o Êxodo do Egito, uma purificação incompleta. Assim, temos o costume de comer mel em Rosh Hashaná, mas em Shavuot, o feriado que comemora a entrega da Torá, que foi o resultado direto do Êxodo do Egito, comemos derivados de leite. Um dos temas mais importantes de Rosh Hashaná são as orações que fazemos pedindo a Redenção final. Uma vez que, em Rosh Hashaná nós trabalhamos para expiar os nossos pecados e remover as impurezas através do arrependimento e oramos para a Redenção final que é como mel, é muito apropriado neste feriado realizarmos tais práticas. No entanto, em Shavuot é justo que se coma laticínios.


O PROTESTO DOS ANJOS QUE FORAM SILENCIADOS


Quando a Torá foi dada aos judeus, os anjos estavam com inveja e protestaram fortemente. O argumento convincente de que silenciou o protesto dos anjos veio de três anjos que visitaram o patriarca Abraão. Então, eles tinham consumido carne e leite juntos, como o verso diz: "Abraham tomou manteiga, leite e o bezerro que preparou, e pôs diante deles; e ele ficou de pé, perto deles, debaixo da árvore, e comeram." (Gênesis 18:8) A razão pela qual os santos anjos comiam alimentos proibidos é que não há nenhuma impureza ou mal no Céu, e, portanto, tais alimentos não teriam impacto negativo sobre eles. Este incidente silenciou o protesto dos anjos, porque as leis da Torá só se podem aplicar aos seres que têm livre escolha. Os anjos não têm livre arbítrio. Livre escolha significa que a pessoa tem a mesma oportunidade de escolher entre fazer o bem, assim como o mal. Os anjos não tinham resposta para este argumento e os seus protestos foram silenciados. Uma vez que a Torá foi dada sobre a força deste argumento, portanto, têm o costume de comemorar a entrega da Torá, comendo tanto laticínios e carne durante a mesma refeição, ainda que separadamente em Shavuot. (Likutey Halachot: Yorah Daya: Hilchot Devarim Ha'Yotzim Min Ha'Chai 4:36-46)


Podemos agora compreender como o exílio pode trazer retificação e expiação pelo pecado. O pecado fez com que as energias de bondade e santidade fossem espalhadas por todo o mundo. Nós, judeus, em nosso Exílio, fomos espalhados por todo o mundo a fim de encontrar e resgatar as centelhas sagradas de bondade. Através da observância da Torá para melhorar o nosso caráter e as nossas capacidades, temos sido capazes de extrair essas faíscas santas perdidas que caíram nas profundezas da impureza e devolvê-las ao lado da santidade. Assim, permanecendo leais ao Criador, apesar da impureza do exílio, somos capazes de trazer a pureza para o mundo inteiro. É das profundezas do Exílio, que as sementes para a Redenção final são derivadas, que é como mel puro derivado da abelha impura.


HITBODEDUT


Rebe Nachman ensinou que assim como recitar as orações diárias obrigatórias contidas no livro de orações, devemos também falar com Hashem, assim como nós confiamos no nosso melhor amigo. Devemos fazer isso em reclusão, na linguagem e no estilo com o qual nos sentimos mais confortáveis. Isto se baseia no conselho de nossos Sábios, como nos mostram os seguintes exemplos: Rav Yitschac disse: “Por que os nossos antepassados eram estéreis? Porque Hashem deseja as orações dos justos." (Talmud: Yevamot 64a) "Hashem procura nada mais do que ouvir as orações de Israel." (Tehilim 116:1 Midrash)


O seguinte trecho é um exemplo de uma sessão de Hitbodedut: “Ajude-nos a purificar-nos em todos os momentos através da imersão no Micvê. Através da imersão ritual no Micvê somos dignos de atrair sobre nós mesmos a pureza e santidade, para nos purificar de toda impureza e pecado cometido desde a nossa mocidade até o dia de hoje. Através da imersão no Micvê, alimente as nossas mentes com uma inteligência maior e uma maior misericórdia, que nos permitirá adoçar todos os julgamentos severos que são lançados contra nós, nossos filhos, e contra todo o Israel. Ajude-nos particularmente a praticarmos o Micvê do feriado de Shavuot, que é a imersão mais sagrada e o mais importante Micvê de todo o ano. Foi a imersão no Micvê que permitiu que os judeus recebessem a Torá quando Ela foi dada no Monte Sinai. Ajude-nos a mergulhar no Micvê em Shavuot, que nos conecta com o quinquagésimo portão da Santidade e está associado a grande misericórdia e a inteligência extremamente alta que podemos acessar quando nos imergimos em Shavuot. Ajude-nos a chamar sobre nós o mérito do Micvê de Shavuot durante todo o ano para que possamos sair da impureza e entrar pela quinquagésima porta de santidade. ( Likutey Tefilot 1: 56)


HALACHÁ


Na Diáspora, os Sábios promulgaram que se deve observar dois dias de uma Festa prescrita na Torá, em vez de um dia. Esta lei foi promulgada porque inicialmente houve uma dúvida na Diáspora de quando o feriado era para ser observado, portanto todas as leis restritivas que se aplicam para o primeiro dia se aplica para o segundo dia. (Maran) Apesar de, em nossos tempos não haver dúvida, como para quando o feriado é para ser observado, os Sábios deixaram esta lei antiga intacta por causa da precariedade da Diáspora. Os Sábios temiam que, porque as crises que ocorrem frequentemente na Diáspora, muitas vezes obrigando os judeus a vagar de lugar em lugar, seria muito fácil esquecer como calcular o tempo adequado para observar cada feriado. Isso pode facilmente fazer com que os judeus errem, e comam fermento quando ainda é Pessach. Por isso, eles decidiram deixar esta lei em vigor. (Mishna Berrura) É por isso que, na Diáspora, observamos dois dias de Shavuot, em vez de um. Os Sábios foram autorizados pela lei da Torá para fazer tais decretos, a fim de fortalecer a observância da Torá. O Talmud diz que aqueles que violam os decretos rabínicos violam um mandamento negativo da Torá e, ao fazê-lo, estão contra a vontade de Hashem. Para entender o significado mais profundo sobre este assunto, consulte o volume 2, edição 48, das Folhas Breslov Parsha] (Shulchan Aruch: Orach Chaim: 496:1)



Fonte:Breslov.Com

“Obra realizada com a permissão de D’us, o Sagrado Abençoado Seja!”
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